segunda-feira, 22 de junho de 2015

Faça seu caminho!

Respeito é bom e todo mundo gosta. Mas valores antigos, ensinados desde o berço, parecem hoje esquecidos. Mães que trabalham em dois ou três turnos, e ainda têm que arcar com os afazeres domésticos, pais que chegam em casa estafados, aborrecidos, não têm mais tempo para os filhos, vizinhos e amigos, para a cordialidade da convivência. 
Palavras do tipo por favor, muito obrigado, com licença, me desculpe, sumiram do nosso vocabulário, se esvaziaram, caíram em desuso. Tudo se resolve mesmo é na base da indelicadeza. E põe indelicadeza nisso! E a descortesia se alastra nos lares, nos locais de trabalho, nas escolas, nas ruas.

Como nossas crianças vão aprender hábitos saudáveis de convivência, se não há modelos a imitar? Faltam valores importantes no nosso mundo de economia acelerada. 
O escritor Rubem Alves costuma nos dar lições de extrema profundidade, a partir de fatos simples do nosso dia a dia.
Ele nos ensina, por exemplo, a lição da subtração: precisamos subtrair em nós tudo aquilo que nos torna pesados, sem a necessária leveza que nos impede de voar longe e alto. Nossa preocupação exacerbada com teres e haveres, o furor no trabalho, o apetite desenfreado pela comida, pela bebida, pelo exercício do poder. Subtraindo todas as correntes que  nos mantêm atados, pode ser que nos sobre tempo para o exercício da sabedoria.
     Pois é isso o que ele nos prescreve; O remédio da sabedoria, "a arte de reconhecer e degustar a alegria". Alegria que se nos apresenta diariamente, disfarçada nos menores gestos: dispor as flores num vaso, servir a sopa, orientar o filho com a tarefa escolar, trocar dois dedos de prosa com o vizinho ou, simplesmente, assistir o sol se pondo no horizonte.
     Queixamo-nos da violência que nos cerca por todos os lados. E mal percebemos nossa cota de responsabilidade nisso tudo. Nós que desaprendemos a arte da sabedoria, do respeito, da delicadeza compartilhada. Ainda é Rubem Alves quem nos adverte: a multiplicidade (compromissos, tarefas inadiáveis, programas extras) nos devora, nos priva do tempo necessário para demorar o olhar no outro, nas coisas que nos rodeiam, de descobrir, nas banalidades do dia-a-dia a urgência daquilo que importa: nossa essencialidade humana.
    
É tempo de parar, repensar e transformar. Nossos gestos diários precisam receber urgentemente um tratamento novo, a marca do respeito, da delicadeza, da civilidade. Busquemos a sabedoria de que nos fala Rubem Alves. Apliquemo-nos ao exercício cotidiano da delicadeza. É bem provável que, assim, a violência comece a diminuir nos lares, nos locais de trabalho, nas escolas. E se instale, aos poucos, o respeito. Pois respeito é bom, e todo mundo gosta. E o prezado leitor pode até perguntar: Será possível, então, um triunfo no amor?


"Sim. Mas ele não se encontra no final do caminho, não na partida, não na chegada, mas na travessia". 

Um bom dia e boa semana à você!  



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